BRASPEN divulga parecer sobre os cuidados nutricionais em pacientes
hospitalizados diagnosticados com COVID-19
Parecer publicado pela BRASPEN reforça medidas de segurança por
parte dos profissionais da área da saúde para lidar com os pacientes
hospitalizados durante o combate a pandemia do COVID-19. Parte fundamental do
tratamento integral em pacientes hospitalizados inclui a terapia nutricional.
Cerca de 5% dos pacientes necessitam de terapia intensiva, e este mesmo
subgrupo pode apresentar complicações como disfunção respiratória seguida de
disfunção renal.
Ao admitir os pacientes críticos diagnosticados com COVID-19, é
indicado realizar a triagem nutricional em até 48horas, que será realizada sob
protocolos especiais evitando contato físico e garantindo a proteção do
profissional de saúde.
Em pacientes com quadros leves de coronavírus, a alimentação via
oral é a mais recomendada, sendo associada à suplementação caso a ingestão
energética seja menor que 60% das necessidades nutricionais. Já os pacientes com
quadros graves, submetidos à terapia intensiva e com grande risco de
desnutrição, a Nutrição Enteral (NE) é a via preferencial, sendo recomendado o
início entre 24 e 48 horas. Contudo, caso haja contraindicação da via oral e/ou
enteral, a Nutrição Parenteral (NP) deve ser iniciada o quanto antes.
A composição das terapias por via alternativa deve iniciar com
aporte calórico mais baixo, entre 15 a 20 kcal/kg/dia e progredir para 25
kcal/kg/ dia após o quarto dia dos pacientes em recuperação. São indicadas fórmulas
enterais com alta densidade calórica (1,5-2,0kcal/ml) em pacientes com
disfunção respiratória aguda e/ou renal, objetivando restrição da administração
de fluidos. A sugestão é que estes doentes recebam entre 1,5 e 2,0 g/kg/dia de
proteína, conforme progressão: 0,8 g/kg/dia no 1º e 2º dia, 0,8-1,2 g/kg/dia
nos dias 3-5 e > 1,2 g/ kg/dia após o 5º dia.
Não são recomendadas fórmulas com alto teor lipídico/ baixo teor
de carboidrato para manipular coeficiente respiratório e reduzir produção de
CO2 em pacientes críticos com disfunção pulmonar. Assim como fórmulas enterais
com ômega 3, óleos de borragem e antioxidantes em pacientes com SDRA também não
são indicadas.
Deve-se avaliar constantemente alguns parâmetros, incluindo o
fósforo sérico em pacientes críticos e realizando a reposição adequada, quando
indicado. A hipofosfatemia pode sinalizar síndrome de realimentação e a
deficiência de fósforo pode contribuir para retardo no desmame ventilatório de
pacientes críticos.
Alguns cuidados devem ser tomados em relação à posição do
paciente durante o uso da dieta enteral. Há uma prevalente recomendação da
posição prona – barriga para baixo, em pacientes com COVID-19, e quanto a isto,
a equipe multidisciplinar deve estar atenta a alguns fatores como por exemplo a
pausa da dieta antes e depois da movimentação. Caso o paciente esteja
utilizando a NP, ela não deve pausar durante a movimentação.
O Conselho Federal de
Nutricionistas publicou um documento, com práticas de atuação
do nutricionista e do técnico em nutrição voltadas para o distanciamento de
pacientes com suspeita ou confirmação de COVID-19, em acordo com as EMTNs,
visando a segurança dos profissionais e dos pacientes.
Seguindo por base o documento, o acompanhamento e avaliação da
evolução dos pacientes podem ser realizados pelo nutricionista por contato
telefônico, dados secundários ou por intermédio de membros da equipe
multiprofissional que já esteja em contato direto com os pacientes.
Caso não seja possível a triagem por meio telefônico ou dados
secundários do prontuário, recomenda-se que essa avaliação seja suspensa
durante a pandemia a fim de proteger os profissionais e pacientes, reduzindo o
contato físico. Entretanto, a EMTN juntamente com os demais profissionais de
saúde deve desenvolver protocolos de atendimento para que todos estejam
alinhados e para que seja possível rastrear pacientes em risco nutricional sem
suspeita de COVID-19. Todos os pacientes em acompanhamento devem receber
terapia nutricional e atenção que necessitam, sem nenhuma repercussão negativa
em seu tratamento.
Referência
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