quarta-feira, 6 de maio de 2020

Avaliação Nutricional

A avaliação nutricional pode ser realizada de forma subjetiva ou objetiva, conforme abordado a seguir.

2.1. Avaliação Nutricional Subjetiva 
A Avaliação Nutricional Subjetiva (ANS) foi proposta por Detsky et al. em 1984. Trata-se de um questionário que considera alterações da composição corporal (perda de peso, redução de massa gordurosa e muscular e presença de edema); alterações na ingestão alimentar e no padrão
de dieta; função gastrointestinal (náuseas, vômitos, diarreia e anorexia); demanda metabólica associada ao diagnóstico; e, também, alterações da capacidade funcional do paciente.
Permite um diagnóstico nutricional mais rápido e subjetivo. Na Tabela 2 está descrito o questionário adaptado que é utilizado no Hospital Universitário, o qual agrega algumas outras informações e é baseado na proposta de Garavel (Waitzberg e Ferrini, 1995), cujo diagnóstico final é obtido a partir da somatória dos pontos conferidos a cada etapa.
Esse método tem a vantagem de ser simples, ter baixo custo, não ser invasivo e poder ser realizado à beira do leito. Por ser subjetivo, a desvantagem apontada é que sua precisão depende da experiência do observador e, por isso, o treinamento anterior à execução é fundamental. 
A avaliação subjetiva permite o conhecimento do estado nutricional prévio para aqueles pacientes que não contaram com um diagnóstico nutricional anterior à admissão, sendo de grande valia para o direcionamento da terapia nutricional, bem como da necessidade da realização da avaliação objetiva.
A rotina do Serviço de Nutrição Clínica é aplicar a ANS nos pacientes cuja triagem nutricional foi positiva, isto é ≥ 2, indicando risco (Tabela 1).

2.2. Avaliação Nutricional Objetiva
Neste item são abordados alguns dos principais parâmetros utilizados na avaliação nutricional objetiva, lembrando que o leitor interessado deverá recorrer à literatura específica. Nessa avaliação é essencial levar em conta alguns conceitos atuais. Em virtude do reconhecimento da contribuição
do estado inflamatório no processo de desnutrição, a caquexia tem sido caracterizada como um processo pró- -inflamatório sistêmico, associado a anorexia e alterações metabólicas, como a resistência a insulina e proteólise (Jensen et al. 2009). Neste contexto, para o diagnóstico das
síndromes de má nutrição no adulto, sugere-se que o processo inflamatório seja considerado, conforme o Figura 1.


É fundamental que o nutricionista esteja atento a
esse processo ao definir o diagnóstico nutricional, assim
como para o estabelecimento da terapia nutricional.
Esses pacientes apresentam alto risco para síndrome de
realimentação, tema que será abordado em outro tópico.
Segundo o Consenso Brasileiro de Caquexia e Anorexia
(2012), em algumas situações os pacientes podem estar em
um grau tão avançado de subnutrição que a recuperação
talvez seja inviável quando há caquexia refratária, ou seja,
não responsiva ao tratamento. Nesse caso, a prioridade é o
alívio dos sintomas e o suporte psicossocial. O foco maior
deve ser na qualidade de vida, uma vez que a expectativa
de vida pode ser pequena, sendo que a terapia nutricional
deverá envolver uma discussão ética.
O acompanhamento do nível plasmático de Proteína C
Reativa (PCR) pode ser de grande valia na interpretação
dos parâmetros da avaliação objetiva, uma vez que seu
aumento reflete a reação de fase aguda, pois é uma proteína
de fase aguda positiva. O acompanhamento dos
níveis da PCR permite uma estimativa da intensidade da
reação de fase aguda, cuja repercussão nos parâmetros
será discutida a seguir. Outros indicadores bioquímicos
também possibilitam essa estimativa, mas nem sempre
estão disponíveis nos laboratórios das unidades hospitalares,
ou apresentam custo elevado (Rossi et al. 2010).

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