Bebês podem comer de tudo?
Não.
Não é a primeira vez que sou questionada
sobre o que pode ser dado a bebês a partir dos seis meses de vida (época
em que são introduzidas papinhas e outros alimentos, além do leite
materno). Uma criança que está no início de sua adaptação a alimentação
não pode duas coisas: a primeira, abandonar totalmente o leite materno
(a indicação é que ele seja mantido em conjunto com a introdução de
outros alimentos até, pelo menos, um ano) e, a segunda, sair comendo o
que a mãe vê pela frente.
Vamos aproveitar para falar aqui de
algumas coisas que você deve evitar no pratinho do seu filho até ele
chegar aos dois anos de idade.
Açúcar
Esta é a melhor fase para ensinar seu
filho sobre os verdadeiros sabores dos alimentos, especialmente das
frutas e sucos. Evite adoçar qualquer coisa que for servir a um bebê,
primeiro porque o açúcar puro (especialmente o refinado) não acrescenta
nada em valores nutricionais para o seu filho – ele é simplesmente uma
caloria vazia; segundo porque, quanto mais tempo seu filho ficar sem
ingerir este produto, menor costume ele terá para adoçar sucos e outros
alimentos no futuro – diminuindo significativamente risco de desenvolver
diabetes e obesidade; terceiro que o açúcar, além de tudo, é
relacionado ao aumento de incidência de cárie dentária.
Refrigerantes e sucos de caixinha
Pelos mesmos motivos do açúcar, os refrigerantes e os sucos de caixinha
não tem valor nutricional relativamente importante para a criança: são
ricos em açúcar livre (e em alguns casos, adoçante) e contém alto teor
de conservantes e sódio em sua composição. Se eles não são necessários,
melhor evitar, correto?
Mel
A restrição do mel para crianças (e até
gestantes) não é por ser um alimento formado por açúcar, e sim por uma
questão de segurança alimentar. A Agência Nacional de Vigilância
Sanitária (ANVISA) recomenda não oferecer este alimento para bebês e
gestantes por causa do risco de contaminação com Clostridium Botulinum,
que é a bactérica causadora do botulismo, doença que causa paralisia dos
músculos e até morte. Como até pelo menos seis meses a criança ainda
está desenvolvendo seu sistema imune, e a sua flora intestinal, o seu
consumo não é recomendado, porque o bebê não conseguira combater esta
infecção.
Produtos industrializados
A alimentação do bebê deve ser a mais
natural possível até quando for possível. Não há idade certa para
iniciar a introdução de alimentos industrializados na sua rotina, mesmo
porquê, alimentar-se naturalmente é recomendável em qualquer fase da
vida. Produtos industrializados costumam ter maior teor de sódio,
açúcar, corantes e conservantes, que são dispensáveis na inicialização
do bebê a alimentação.
Adoçante
Gosto de dizer que o adoçante não é um
ingrediente para receitas, e sim um remédio para quem não pode consumir
açúcar livre – ou seja, indivíduos com diabetes. Mesmo que seu bebê
venha a desenvolver diabetes do tipo I (ou insulino-dependente) ao longo
da vida, não há necessidade de “medicá-lo” desde cedo com este produto:
se já sugerimos não adoçar os alimentos da criança com açúcar, porquê o
faríamos com adoçante? Apesar de vários estudos científicos provarem
que o consumo deste produto industrializado não é maléfico para a saúde,
não há, na minha concepção, tempo suficiente de consumo de adoçante
pela população humana para a produção de estudos que mostrem a real
consequência do seu consumo a longo prazo. Melhor evitar do que
remediar.
Leite de vaca
O bebê vive de leite sim, mas de leite
humano, não leite de vaca. Este alimento deve ser evitado porque as
proteínas do leite de vaca são de absorção mais complexa do que as do
leite humano (tanto é que até alguns adultos tem intolerância a ela),
podendo lesar a mucosa do intestino da criança, interferindo na absorção
de todos os outros nutrientes provenientes de outros alimentos. Se seu
filho não tolera o leite humano, a segunda opção deve ser as fórmulas
infantis industrializadas, vendidas por marcas como Danone, Nestlé e
Mead Johnson – elas são formuladas para serem semelhantes ao leite
materno.
Peixes e frutos do mar (especialmente crus)
Apesar de extremamente importantes para a
alimentação humana (por seu valor nutricional), estes alimentos são um
risco para a saúde do seu bebê. Como a criança ainda está formando seu
sistema imune não é possível identificar se ela terá algum tipo de
alergia a estes alimentos, visto que muitos deles apresentam compostos
alergênicos, mesmo depois de preparados. Estes alimentos crus também
trazem maior risco de contaminação e infecção para seu filho. Evite.
Café e chocolate
Dois dos alimentos considerados
estimulantes por especialistas em nutrição, o café e o chocolate (este
segundo, além de ser formulado com leite e açúcar, que já não são
recomendados para bebês) podem deixar a criança agitada e prejudicar seu
sono durante o dia e a noite. Simplesmente não há necessidade de servir
estes alimentos para seu bebê: ele não precisa ficar acordado o tempo
todo, e ele não sentirá falta de chocolate como sentimos.
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Estes são só alguns dos alimentos que
devem ser evitados na primeira fase de vida de seu bebê. O ideal é que,
com a manutenção dos hábitos bons alimentares, alguns deles não precisem
ser adicionados a rotina do seu filho por um bom tempo (como açúcares,
refrigerantes, alimentos industrializados). Outros, como o leite, peixes
e frutos do mar, devem ser testados, preferencialmente, após os dois
anos de idade, para evitar maiores problemas.