terça-feira, 9 de setembro de 2014

Bebês podem comer de tudo?

Bebês podem comer de tudo?

Não.

Não é a primeira vez que sou questionada sobre o que pode ser dado a bebês a partir dos seis meses de vida (época em que são introduzidas papinhas e outros alimentos, além do leite materno). Uma criança que está no início de sua adaptação a alimentação não pode duas coisas: a primeira, abandonar totalmente o leite materno (a indicação é que ele seja mantido em conjunto com a introdução de outros alimentos até, pelo menos, um ano) e, a segunda, sair comendo o que a mãe vê pela frente.
Vamos aproveitar para falar aqui de algumas coisas que você deve evitar no pratinho do seu filho até ele chegar aos dois anos de idade.

Açúcar
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Esta é a melhor fase para ensinar seu filho sobre os verdadeiros sabores dos alimentos, especialmente das frutas e sucos. Evite adoçar qualquer coisa que for servir a um bebê, primeiro porque o açúcar puro (especialmente o refinado) não acrescenta nada em valores nutricionais para o seu filho – ele é simplesmente uma caloria vazia; segundo porque, quanto mais tempo seu filho ficar sem ingerir este produto, menor costume ele terá para adoçar sucos e outros alimentos no futuro – diminuindo significativamente risco de desenvolver diabetes e obesidade; terceiro que o açúcar, além de tudo, é relacionado ao aumento de incidência de cárie dentária.


Refrigerantes e sucos de caixinha
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Pelos mesmos motivos do açúcar, os refrigerantes e os sucos de caixinha não tem valor nutricional relativamente importante para a criança: são ricos em açúcar livre (e em alguns casos, adoçante) e contém alto teor de conservantes e sódio em sua composição. Se eles não são necessários, melhor evitar, correto?


Mel
mel
A restrição do mel para crianças (e até gestantes) não é por ser um alimento formado por açúcar, e sim por uma questão de segurança alimentar. A Agência Nacional de Vigilância Sanitária (ANVISA) recomenda não oferecer este alimento para bebês e gestantes por causa do risco de contaminação com Clostridium Botulinum, que é a bactérica causadora do botulismo, doença que causa paralisia dos músculos e até morte. Como até pelo menos seis meses a criança ainda está desenvolvendo seu sistema imune, e a sua flora intestinal, o seu consumo não é recomendado, porque o bebê não conseguira combater esta infecção.


Produtos industrializados
produto_industrializado
A alimentação do bebê deve ser a mais natural possível até quando for possível. Não há idade certa para iniciar a introdução de alimentos industrializados na sua rotina, mesmo porquê, alimentar-se naturalmente é recomendável em qualquer fase da vida. Produtos industrializados costumam ter maior teor de sódio, açúcar, corantes e conservantes, que são dispensáveis na inicialização do bebê a alimentação.


Adoçante
adoçante
Gosto de dizer que o adoçante não é um ingrediente para receitas, e sim um remédio para quem não pode consumir açúcar livre – ou seja, indivíduos com diabetes. Mesmo que seu bebê venha a desenvolver diabetes do tipo I (ou insulino-dependente) ao longo da vida, não há necessidade de “medicá-lo” desde cedo com este produto: se já sugerimos não adoçar os alimentos da criança com açúcar, porquê o faríamos com adoçante? Apesar de vários estudos científicos provarem que o consumo deste produto industrializado não é maléfico para a saúde, não há, na minha concepção, tempo suficiente de consumo de adoçante pela população humana para a produção de estudos que mostrem a real consequência do seu consumo a longo prazo. Melhor evitar do que remediar.


Leite de vaca
leite
O bebê vive de leite sim, mas de leite humano, não leite de vaca. Este alimento deve ser evitado porque as proteínas do leite de vaca são de absorção mais complexa do que as do leite humano (tanto é que até alguns adultos tem intolerância a ela), podendo lesar a mucosa do intestino da criança, interferindo na absorção de todos os outros nutrientes provenientes de outros alimentos. Se seu filho não tolera o leite humano, a segunda opção deve ser as fórmulas infantis industrializadas, vendidas por marcas como Danone, Nestlé e Mead Johnson  – elas são formuladas para serem semelhantes ao leite materno.


Peixes e frutos do mar (especialmente crus)
peixes
Apesar de extremamente importantes para a alimentação humana (por seu valor nutricional), estes alimentos são um risco para a saúde do seu bebê. Como a criança ainda está formando seu sistema imune não é possível identificar se ela terá algum tipo de alergia a estes alimentos, visto que muitos deles apresentam compostos alergênicos, mesmo depois de preparados. Estes alimentos crus também trazem maior risco de contaminação e infecção para seu filho. Evite.

Café e chocolate
café_chocolate
Dois dos alimentos considerados estimulantes por especialistas em nutrição, o café e o chocolate (este segundo, além de ser formulado com leite e açúcar, que já não são recomendados para bebês) podem deixar a criança agitada e prejudicar seu sono durante o dia e a noite. Simplesmente não há necessidade de servir estes alimentos para seu bebê: ele não precisa ficar acordado o tempo todo, e ele não sentirá falta de chocolate como sentimos.
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Estes são só alguns dos alimentos que devem ser evitados na primeira fase de vida de seu bebê. O ideal é que, com a manutenção dos hábitos bons alimentares, alguns deles não precisem ser adicionados a rotina do seu filho por um bom tempo (como açúcares, refrigerantes, alimentos industrializados). Outros, como o leite, peixes e frutos do mar, devem ser testados, preferencialmente, após os dois anos de idade, para evitar maiores problemas.

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