sexta-feira, 8 de maio de 2020

Fluxograma TNE em pacientes em Posição Prona








Informações adicionais do paciente COVID em posição prona:
• Sabemos que em casos graves, o COVID-19 pode ser complicado pela síndrome do desconforto respiratório agudo (SDRA), representando 14% dos pacientes que requerem oxigenoterapia (1), havendo necessidade e indicação de suporte de ventilação mecânica invasiva na insuficiência respiratória aguda ou crônica agudizada (2)
• Em pacientes adultos com SDRA grave, recomenda-se a ventilação mecânica invasiva em posição prona durante 12-16 horas por dia (Manual WHO COVID19 e Guidiline Medicine Intensive Care COVID19) (1,3)
• Um estudo recente na China (2020), descreveu o curso clínico da COVID-19 na UTI e mostrou que a ventilação mecânica em posição prona, era usada em 11,5% dos pacientes (3)
• O uso de TNE na posição prona não parece aumentar substancialmente o risco de vômitos ou pneumonia aspirativa. Além disso, os volumes residuais gástricos não parecem diferir muito entre a posição prona e supina (Reignier et al., 2004; Sams et al.,2012) (7).


1. WHO - Clinical management of severe acute respiratory infection (SARI) when COVID-19 disease is
suspected published 13 March, 2020 - https://www.who.int/docs/default-source/coronaviruse/clinicalmanagement-
of-novel cov.pdf?sfvrsn=bc7da517_10&download=true
2. Diretrizes brasileiras de ventilação mecânica, 2013
3. Waleed Alhazzani1,2, Morten Hylander Møller3,4, Yaseen M. Arabi5, et al. Surviving Sepsis Campaign:
Guidelines on the Management of Critically Ill Adults with Coronavirus Disease 2019 (COVID-19),
Guideline, 2020 - DOI: 10.1007/s00134-020-06022-5
4. Kelly Cristina de Albuquerque Paiva1, Osvaldo Shigueomi Beppu2. Posição Prona – Artigo de revisão, J
Bras Pneumol. 2005; 31(4):332-40 –
http://www.jornaldepneumologia.com.br/detalhe_artigo.asp?id=1471
5. Claude Guérin, Jean Reignier, Jean-Christophe Richard, et al. Prone Positioning in Severe Acute
Respiratory Distress Syndrome Jornal de medicina – 2013, volume 368 - DOI: 10.1056/NEJMoa1214103
Posição
6. Ignacio Saez de la Fuente, Javier Saez de la Fuente,Maria Delicias Quintana Estelles, et al. Enteral
Nutrition in Patients Receiving Mechanical Ventilation in a Prone Position - Journal of Parenteral and
Enteral Nutrition, 2014 American Society for Parenteral and Enteral Nutrition - DOI:
10.1177/0148607114553232
7. Dustin D. Linna,∗, Robert D. Beckettb, Kurtis Foellingerc. Administration of enteral nutrition to
adultpatients in the prone position - Intensive and Critical Care Nursing (2015) 31, 38- 43 -
http://dx.doi.org/10.1016/j.iccn.2014.07.002
8. Jean Reignier,Nathalie Thenoz-Jost, Maud Fiancette, et al. Early enteral nutrition in mechanically
ventilated patients in the prone position - Crit Care Med 2004 Vol. 32, No. 1 – DOI:
10.1097/01.CCM.0000104208.23542.A8
9. Parecer BRASPEN/ AMIB para o Enfrentamento do COVID-19 em Pacientes Hospitalizados, 2020

BRASPEN - Cuidados Nutricionais em pacientes hospitalizados com COVID 19


BRASPEN divulga parecer sobre os cuidados nutricionais em pacientes hospitalizados diagnosticados com COVID-19
Câmara de Armamar encerra sede e outros serviços | Notícias de Viseu

Parecer publicado pela BRASPEN reforça medidas de segurança por parte dos profissionais da área da saúde para lidar com os pacientes hospitalizados durante o combate a pandemia do COVID-19. Parte fundamental do tratamento integral em pacientes hospitalizados inclui a terapia nutricional. Cerca de 5% dos pacientes necessitam de terapia intensiva, e este mesmo subgrupo pode apresentar complicações como disfunção respiratória seguida de disfunção renal.
Ao admitir os pacientes críticos diagnosticados com COVID-19, é indicado realizar a triagem nutricional em até 48horas, que será realizada sob protocolos especiais evitando contato físico e garantindo a proteção do profissional de saúde.
Em pacientes com quadros leves de coronavírus, a alimentação via oral é a mais recomendada, sendo associada à suplementação caso a ingestão energética seja menor que 60% das necessidades nutricionais. Já os pacientes com quadros graves, submetidos à terapia intensiva e com grande risco de desnutrição, a Nutrição Enteral (NE) é a via preferencial, sendo recomendado o início entre 24 e 48 horas. Contudo, caso haja contraindicação da via oral e/ou enteral, a Nutrição Parenteral (NP) deve ser iniciada o quanto antes.
A composição das terapias por via alternativa deve iniciar com aporte calórico mais baixo, entre 15 a 20 kcal/kg/dia e progredir para 25 kcal/kg/ dia após o quarto dia dos pacientes em recuperação. São indicadas fórmulas enterais com alta densidade calórica (1,5-2,0kcal/ml) em pacientes com disfunção respiratória aguda e/ou renal, objetivando restrição da administração de fluidos. A sugestão é que estes doentes recebam entre 1,5 e 2,0 g/kg/dia de proteína, conforme progressão: 0,8 g/kg/dia no 1º e 2º dia, 0,8-1,2 g/kg/dia nos dias 3-5 e > 1,2 g/ kg/dia após o 5º dia.
Não são recomendadas fórmulas com alto teor lipídico/ baixo teor de carboidrato para manipular coeficiente respiratório e reduzir produção de CO2 em pacientes críticos com disfunção pulmonar. Assim como fórmulas enterais com ômega 3, óleos de borragem e antioxidantes em pacientes com SDRA também não são indicadas.
Deve-se avaliar constantemente alguns parâmetros, incluindo o fósforo sérico em pacientes críticos e realizando a reposição adequada, quando indicado. A hipofosfatemia pode sinalizar síndrome de realimentação e a deficiência de fósforo pode contribuir para retardo no desmame ventilatório de pacientes críticos.
Alguns cuidados devem ser tomados em relação à posição do paciente durante o uso da dieta enteral. Há uma prevalente recomendação da posição prona – barriga para baixo, em pacientes com COVID-19, e quanto a isto, a equipe multidisciplinar deve estar atenta a alguns fatores como por exemplo a pausa da dieta antes e depois da movimentação. Caso o paciente esteja utilizando a NP, ela não deve pausar durante a movimentação.
O Conselho Federal de Nutricionistas publicou um documento, com práticas de atuação do nutricionista e do técnico em nutrição voltadas para o distanciamento de pacientes com suspeita ou confirmação de COVID-19, em acordo com as EMTNs, visando a segurança dos profissionais e dos pacientes.
Seguindo por base o documento, o acompanhamento e avaliação da evolução dos pacientes podem ser realizados pelo nutricionista por contato telefônico, dados secundários ou por intermédio de membros da equipe multiprofissional que já esteja em contato direto com os pacientes.
Caso não seja possível a triagem por meio telefônico ou dados secundários do prontuário, recomenda-se que essa avaliação seja suspensa durante a pandemia a fim de proteger os profissionais e pacientes, reduzindo o contato físico. Entretanto, a EMTN juntamente com os demais profissionais de saúde deve desenvolver protocolos de atendimento para que todos estejam alinhados e para que seja possível rastrear pacientes em risco nutricional sem suspeita de COVID-19. Todos os pacientes em acompanhamento devem receber terapia nutricional e atenção que necessitam, sem nenhuma repercussão negativa em seu tratamento.
Referência


Terapia Nutricional no paciente GRAVE com COVID 19


Coronavírus (COVID-19): origem, sinais, sintomas, achados ...

Relator: Ary Lopes Cardoso
Presidente do Departamento Científico de Suporte Nutricional da Sociedade de Pediatria de São Paulo

As Unidades de Terapia Intensiva (UTI) em todo o mundo ficaram sobrecarregadas com a grave Síndrome Respiratória Aguda causada pelo coronavírus 2 (SARS-CoV-2).
A necessidade de nutrir os pacientes que ficam em cuidados intensivos é uma medida de apoio extremamente importante, sejam adultos ou crianças.
O manejo nutricional na UTI é, em princípio, muito semelhante a qualquer outra situação que leve o paciente a essa Unidade, principalmente quando o acometimento é de insuficiência respiratória.
Recomendação 1: avaliação nutricional
Recomendamos a todos os profissionais de saúde, incluindo nutricionistas, enfermeiros e outros envolvidos na avaliação nutricional que sigam aquilo que é estabelecido pelo CDC para todos os pacientes com COVID-19: EPI – óculos de proteção, capa de isolamento, proteção facial e uma máscara N95.
Recomendação 2: iniciar a nutrição
No paciente em UTI ou 12 horas após a intubação deve-se iniciar a Nutrição Enteral (NE). O início precoce leva a menor mortalidade e menor incidência de infecções, comparado com aqueles para os quais a terapia é postergada. Mesmo no paciente com sepse ou choque circulatório a NE pode ser bem tolerada. Quando isso não acontece, deve-se iniciar a Nutrição Parenteral Prolongada (NPP).
Recomendação 3: qual via usar
O ideal é usar a via gástrica (por SNG), porém se não for tolerada, utilizar a via pós-pilórica. Lembrar que a colocação de qualquer dispositivo de acesso entérico pode provocar tosse e deve ser considerado um procedimento gerador de aerossol. Além disso, deve-se usar máscaras N-95 durante a colocação da sonda. Recomenda-se NE contínuo e não em bolus.
Relatou-se que pacientes gravemente doentes com COVID-19 são mais velhos com múltiplas comorbidades. Esses pacientes geralmente correm risco de síndrome de realimentação. Nesses casos, a recomendação é iniciar aproximadamente com 25% da concentração calórica, combinada com o monitoramento frequente de fosfato sérico, níveis de magnésio e potássio à medida que as calorias aumentam. As primeiras 72 horas de alimentação costumam ser o período de maior risco.
Recomendação 4: especificações da nutrição
A alimentação deve ser iniciada devagar, hipocalórica, avançando na primeira semana até atingir a meta de energia de 15-20 kcal/kg de peso corporal real/dia (em torno de 70 a 80% das necessidades calóricas) e proteínas- 1,2-2,0g/kg/dia.
A NE deve ser interrompida no paciente com instabilidade hemodinâmica que requer suporte vasopressor em doses altas ou crescentes. Também naqueles que estejam recebendo agentes vasopressores ou que tenham níveis de lactato aumentados.
Recomendação 5: seleção de fórmula  
Uma fórmula entérica polimérica, isosmótica com alto teor de proteína (>20% de proteína) deve ser usada na fase aguda.
Modelos animais e alguns pequenos ensaios em humanos sugerem que o óleo de peixe é benéfico na modulação imunológica e ajuda a eliminar infecções virais.
Recomendação 6: monitorando da tolerância nutricional
A intolerância à alimentação enteral (EFI) é comum durante a fase aguda do tratamento e deve ser monitorada, não com interrupções prolongadas. A avaliação clínica sempre deverá ser usada para autorizar o reinício.
Recomendação 7: nutrição para o paciente em posição prona
A Síndrome do Desconforto Respiratório Aguda pode levar à insuficiência respiratória, o que torna a ventilação mecânica necessária. Vários estudos retrospectivos e pequenos prospectivos avaliaram a NE durante o posicionamento prono. Complicações gastrintestinais ou pulmonares podem surgir, mas em posição prona isso é menos provável. Se houver preocupação, usa-se a via pós-pilórica.
Sempre é bom lembrar que, à medida que o número de pacientes que necessitam de NE aumenta, pode haver uma escassez de bombas. Portanto, deve ser dada prioridade aos pacientes que recebem dieta pós-pilórica e àqueles que necessitam de infusão contínua da dieta.
Conclusão
A administração de terapia nutricional ao paciente com COVID-19 deve seguir as instruções básicas da Sociedade Americana de Nutrição Parenteral e Enteral.
O profissional da saúde precisa ter cuidados com a contaminação dos aparelhos e dos dispositivos utilizados nos cuidados com a ventilação do paciente e com a dieta.
As recomendações citadas foram divulgadas pela American Society for Parenteral and Enteral Nutrition (ASPEN) – Terapia Nutricional no Paciente Grave com COVID em 1º de abril de 2020 por Robert Martindale et al. e estão disponíveis em: https://www.sccm.org/getattachment/Disaster/Nutrition-Therapy-COVID-19-SCCM-ASPEN.pdf?lang=en-US
Referências
  1. Singer P, Blaser AR, Berger MM, Alhazzani W, Calder PC, Casaer MP, et al. ESPEN guideline on clinical nutrition in the intensive care unit. Clin Nutr. 2019;38:48-79.
  2. Xiao F, Tang M, Zheng X, Liu Y, Li X, Shan H. Evidence for gastrointestinal infection of SARS-CoV-2. 2020 Mar 3.
  3. Gu J, Han B, Wang J, COVID-19: Gastrointestinal manifestations and potential fecal-oral transmission. 2020 Mar 3.
  4. Fuente I, Fuente J, Estelles MD, Gigorro R, Almanza LJ, Izguierdo JA, et al. Enteral nutrition in patients receiving mechanical ventilation in a prone position. JPEN J Parenter Enteral Nutr. 2016;40:250-5.

quarta-feira, 6 de maio de 2020

Avaliação Nutricional

A avaliação nutricional pode ser realizada de forma subjetiva ou objetiva, conforme abordado a seguir.

2.1. Avaliação Nutricional Subjetiva 
A Avaliação Nutricional Subjetiva (ANS) foi proposta por Detsky et al. em 1984. Trata-se de um questionário que considera alterações da composição corporal (perda de peso, redução de massa gordurosa e muscular e presença de edema); alterações na ingestão alimentar e no padrão
de dieta; função gastrointestinal (náuseas, vômitos, diarreia e anorexia); demanda metabólica associada ao diagnóstico; e, também, alterações da capacidade funcional do paciente.
Permite um diagnóstico nutricional mais rápido e subjetivo. Na Tabela 2 está descrito o questionário adaptado que é utilizado no Hospital Universitário, o qual agrega algumas outras informações e é baseado na proposta de Garavel (Waitzberg e Ferrini, 1995), cujo diagnóstico final é obtido a partir da somatória dos pontos conferidos a cada etapa.
Esse método tem a vantagem de ser simples, ter baixo custo, não ser invasivo e poder ser realizado à beira do leito. Por ser subjetivo, a desvantagem apontada é que sua precisão depende da experiência do observador e, por isso, o treinamento anterior à execução é fundamental. 
A avaliação subjetiva permite o conhecimento do estado nutricional prévio para aqueles pacientes que não contaram com um diagnóstico nutricional anterior à admissão, sendo de grande valia para o direcionamento da terapia nutricional, bem como da necessidade da realização da avaliação objetiva.
A rotina do Serviço de Nutrição Clínica é aplicar a ANS nos pacientes cuja triagem nutricional foi positiva, isto é ≥ 2, indicando risco (Tabela 1).

2.2. Avaliação Nutricional Objetiva
Neste item são abordados alguns dos principais parâmetros utilizados na avaliação nutricional objetiva, lembrando que o leitor interessado deverá recorrer à literatura específica. Nessa avaliação é essencial levar em conta alguns conceitos atuais. Em virtude do reconhecimento da contribuição
do estado inflamatório no processo de desnutrição, a caquexia tem sido caracterizada como um processo pró- -inflamatório sistêmico, associado a anorexia e alterações metabólicas, como a resistência a insulina e proteólise (Jensen et al. 2009). Neste contexto, para o diagnóstico das
síndromes de má nutrição no adulto, sugere-se que o processo inflamatório seja considerado, conforme o Figura 1.


É fundamental que o nutricionista esteja atento a
esse processo ao definir o diagnóstico nutricional, assim
como para o estabelecimento da terapia nutricional.
Esses pacientes apresentam alto risco para síndrome de
realimentação, tema que será abordado em outro tópico.
Segundo o Consenso Brasileiro de Caquexia e Anorexia
(2012), em algumas situações os pacientes podem estar em
um grau tão avançado de subnutrição que a recuperação
talvez seja inviável quando há caquexia refratária, ou seja,
não responsiva ao tratamento. Nesse caso, a prioridade é o
alívio dos sintomas e o suporte psicossocial. O foco maior
deve ser na qualidade de vida, uma vez que a expectativa
de vida pode ser pequena, sendo que a terapia nutricional
deverá envolver uma discussão ética.
O acompanhamento do nível plasmático de Proteína C
Reativa (PCR) pode ser de grande valia na interpretação
dos parâmetros da avaliação objetiva, uma vez que seu
aumento reflete a reação de fase aguda, pois é uma proteína
de fase aguda positiva. O acompanhamento dos
níveis da PCR permite uma estimativa da intensidade da
reação de fase aguda, cuja repercussão nos parâmetros
será discutida a seguir. Outros indicadores bioquímicos
também possibilitam essa estimativa, mas nem sempre
estão disponíveis nos laboratórios das unidades hospitalares,
ou apresentam custo elevado (Rossi et al. 2010).

Triagem e avaliação nutricional em ADULTOS


TRIAGEM E AVALIAÇÃO NUTRICIONAL EM ADULTOS


A avaliação nutricional é definida como uma abordagem abrangente para diagnosticar problemas nutricionais, utilizando a combinação das histórias médica, nutricional e medicamentosa, exame físico, medidas antropométricas e análises laboratoriais (ADA, 1994).
Ainda, inclui a organização e análise das informações por um profissional habilitado. Esse procedimento é realizado a partir de métodos que analisam os compartimentos corporais e as alterações causadas pela desnutrição. Inclui também a avaliação metabólica, que é a análise da função dos órgãos, buscando a determinação das alterações relacionadas à perda de massa magra e de outros compartimentos corporais, bem como da resposta metabólica à intervenção nutricional (ADA, 1994).
É uma atividade complexa e que requer técnicas e equipamentos específicos, sendo que, de acordo com a Resolução 63 (Ministério da Saúde-BR, 2000), que revogou a Portaria 337 (Ministério da Saúde-BR, 1999) e que estabelece a Equipe Multidisciplinar de Terapia Nutricional, compete ao nutricionista, como membro efetivo dessa equipe, realizar a avaliação do estado nutricional do paciente, utilizando indicadores nutricionais subjetivos e objetivos, com base em protocolo preestabelecido, de forma a identificar o risco ou a deficiência nutricional.
Cabe ressaltar que não é objetivo deste capítulo abordar as técnicas e aplicação desses parâmetros. O
leitor interessado deverá recorrer à literatura específica

1. TRIAGEM NUTRICIONAL
Definição
Segundo a American Dietetic Association (ADA,1994), a triagem nutricional é o processo que identifica pacientes em risco nutricional, que devem ser encaminhados para uma avaliação nutricional mais detalhada.


A partir do resultado da triagem nutricional e levando em conta a condição clínica, é possível estabelecer o nível de assistência nutricional, que pode ser descrito resumidamente como:
• Primário: Paciente não apresenta risco nutricional e não requer terapia nutricional específica;
• Secundário: Paciente com risco nutricional mediano ou que apresenta condição clínica que implica em determinada alteração dietética;
• Terciário: Paciente com alto risco nutricional e com necessidade de terapia nutricional específica.
O estabelecimento do nível de assistência permite a sistematização do atendimento nutricional de forma a priorizar o acompanhamento de pacientes em risco
nutricional.




domingo, 18 de dezembro de 2016

Nutrição e imunomodulação do paciente oncológico

A nutrição possui relação direta com o sucesso no tratamento do paciente oncológico. O estado nutricional do paciente é afetado tanto pela presença de um tumor, quanto pelo tratamento administrado. Quando há depleção no estado nutricional, ocorre diminuição da função imune, favorecendo o avanço da doença.
    Desta forma, a imunonutrição colabora para a diminuição das taxas de infecções e do tempo de hospitalização no tratamento de pacientes com câncer. 
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    "Câncer" é um termo genérico utilizado para representar um conjunto de mais de 100 doenças, incluindo as neoplasias malignas. É uma enfermidade multicausal crônica, caracterizada pelo cresimento descontrolado de células. Seu desenvolvimento envolve alterações no DNA e, quando estas células lesadas "escapam" dos mecanismos de defesa do organismo contra o crescimento e disseminação destas, é estabelecida uma neoplasia.
    Os tipos mais incidentes de câncer são: o câncer de pele não melanoma, mama, próstata, pulmão, colo do útero e intestino.
    A desnutrição grave, normalmente ocorrida em pacientes oncológicos, afeta de forma adversa as defesas do hospedeiro e afeta a função imunológica pela deficiência funcional dos linfócitos, granulócitos e macrófagos.
    Estudos experimentais comprovam que a deficiência de aminoácidos isolados interfere na imunidade devido à redução na síntese de anticorpos. Os aminoácidos: valina, arginina, triptofano, metionina, cisteína, treonina, tirosina e fenilalanina, parecem ser vitais para a produção normal de anticorpos.
    A desnutrição leva a graus de sintomatologia identificada por caquexia, a qual se apresenta clinicamente como:
  • perda de peso em graus variados;
  • deficiência de nutrientes específicos;
  • atrofia músculo-esquelética;
  • fraqueza e diminuição da capacidade funcional;
    O metabolismo de proteínas é o principal fator desencadeante da caquexia. Ocorre o catabolismo proteico, depleção de massa corporal magra, muscular e visceral, balanço nitrogenado negativo, turnover proteico aumentado, síntese proteica hepática e tumoral aumentadas e consequentemente hipoalbuminemia.
    Nesses pacientes, também podem ocorrer alterações no metabolismo lipídico, como diminuição da gordura corporal e da lipogênese, aumento de lipídios circulantes e aumento da lipólise. Isto ocorre devido à queda na atividade da enzima lipase lipoprotéica e liberação de fatores tumorais lipolíticos.
    Esta hiperlipidemia tem efeitos imunosupressores, sendo que, o grau dessas modificações no metabolismo lipídico dependem do tipo de tumor.
    As alterações no metabolismo de carboidratos incluem intolerância à glicose e resistência insulínica periférica. Em outras palavras, a progressão do câncer acarreta dificuldades no controle glicêmico (altas taxas de glicose no sangue).
    Também são evidenciadas no paciente oncológico, a deficiência de vitaminas e eletrólitos, assim como principais fatores alterados, o aumento de sódio corporal total e diminuição do potássio.
    Pressupostos teóricos sugerem que o uso de dietas ricas em nutrientes imunomoduladores como ácidos graxos ômega - 3, arginina, glutamina e nucleotídeos, seriam benéficos aos pacientes desnutridos, principalmente àqueles acometidos com doenças críticas.
    O uso do ácido eicosapentaenóico (EPA), que é um tipo de ácido graxo ômega-3, mostra redução na perda de peso e aumento da massa magra, melhorando a capacidade funcional, o estado nutricional e a qualidade de vida. Também inibiria a síntese de citocinas inflamatórias e a carcinogênese em culturas de células de câncer de mama, cólon e pâncreas.
    Estudos sugerem ainda que a suplementação de arginina contribui na manutenção do balanço nitrogenado positivo, possivelmente devido à sua participação na síntese proteica, biossíntese de aminoácidos e ciclo da uréia.
    Apesar disto, estudos realizados em humanos mostram-se controversos, sendo necessária a realização de outros estudos a fim de estabelecer a segurança na sua suplementação.
    Embora a arginina seja um aminoácido não essencial, ou seja, nosso organismo é capaz de produzí-la em estado saudável, esta é considerada um aminoácido semi-essencial em situações clínicas especiais como períodos de septicemia, trauma ou câncer.
    A mucosite oral é muito comum em pacientes com câncer de cabeça e pescoço, que realizam tratamento radioterápico ou quimioterápico, o que dificulta a ingestão alimentar devido à dor causada pelo processo inflamatório.
    A radioterapia, quando aplicada na região da cabeça ou pescoço, dependendo da dose de irradiação, tempo de tratamento, volume de tratamento e dose de distribuição e do uso concomitante de outras terapias, pode produzir efeitos reversíveis e irreversíveis nos tecidos. Estes efeitos deletérios ocorrem nas glândulas salivares, ossos, dentes, mucosas da boca, músculos e articulações, combinando a perda de células e o dano à vascularização local.
    A glutamina (L-GLN) é um aminoácido de importância por ser fonte energética para os macrófagos, linfócitos e demais células do sistema imunológico. É também o aminoácido livre mais abundante no plasma e no tecido muscular, sendo também encontrado em outros tecidos.
    É considerado essencial em situações hipercatabólicas, onde há balanço nitrogenado negativo e elevação de quebra proteica, assim como em estados de imunodeficiência comuns em portadores de neoplasias.
    A presença de um tumor altera o metabolismo de glicídios, lipídios e proteínas, alterando também as necessidades nutricionais do paciente.
    Tanto a quimioterapia quanto a radioterapia contribuem para a desnutrição proteico-calórica nesses pacientes, devido à ocorrência de náuseas, vômitos, diarréias, mucosite, febre, disfagia (dificuldade de deglutir), alterações no paladar e no olfato, levando à perda de massa corporal.
    A gravidade dos efeitos da radiação depende da área tratada, do volume, da dose e do tempo de tratamento.
    A mucosite ocorre em todos os pacientes em tratamento na área de cabeça e pescoço. Porém, pode ocorrer nos graus I, II, III ou IV. Os graus mais avançados geralmente ocorrem em pacientes que não fazem acompanhamento nutricional adequado ou que não fazem uso de suplementação, como por exemplo, a glutamina.
    Considerado um nutriente imunomodulador, a glutamina é considerada o principal combustível oxidativo da célula epitelial, principalmente do enterócito jejunal. É precursor de purinas, pirimidinas e fosfolipídios; substrato fundamental para as células do sistema imunológico e outras de rápida divisão; influencia no estado de hidratação celular, na função intestinal e no metabolismo de proteínas.
    As condições hipermetabólicas são acompanhadas por intensa mobilização de glutamina e, nessas situações, ela passa a ter um papel fundamental na redução da morbidade e mortalidade. Sua suplementação pode ainda abrandar os efeitos tóxicos da quimioterapia e radioterapia, aumentando a tolerância aos efeitos colaterais.
    A utilização de aminoácidos de cadeia ramificadas (BCAA) também apresentaram relevância no tratamento na anorexia, estimulando o apetite em estudos realizados em seres humanos com câncer.
    Enfim, o acompanhamento nutricional adequado e precoce favorece o tratamento do câncer. Pode-se lançar mão de nutrientes poderosos e eficientes em estados iniciais ou críticos. O estado nutricional do paciente, assim como sua função imunológica, são fatores de extrema importância. Por isso, tenha a nutrição como parte substancial do seu tratamento!






segunda-feira, 12 de dezembro de 2016

Estresse no trabalho engorda!!!


Você sabia que trabalho estressante provoca vontade de comer alimentos que como açúcares e gorduras?


Uma recente pesquisa realizada nos Estados Unidos com cerca de seis mil pessoas revelou um dado curioso: quase a metade dos entrevistados, mais especificamente 44%, disseram que engordaram em seu emprego atual. 

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As mulheres parecem mais propensas ao aumento de peso: 50% afirmaram ter engordado, contra 39% dos homens. Além do sedentarismo, o ambiente estressante no trabalho foi apontado como outro grande vilão para o aumento de peso. 

A relação entre o ambiente estressante no trabalho e o aumento de peso é facilmente explicável: "O estresse durante a atividade profissional faz com que a pessoa tente compensar na hora de se alimentar, escolhendo comidas que dão mais prazer, concentradas em açúcar, gordura e sal". 

DICA para aqueles que querem controlar o aumento de peso: A falta de água é um problema grave. Ao atender a necessidade da sede, se controla também o da fome. 
Quem bebe mais água come menos. Em um país tropical , temos tudo para ter uma alimentação saudável. É preciso controlar a quantidade do alimento ingerido. Feijão com arroz, no máximo três colheres de sopa. 
Ninguém compra sapato maior que os pés, respeitamos o tamanho deles, mas com o estômago não fazemos o mesmo

Anvisa suspende ação cautelar sobre achocolatado

Lote da bebida não foi comprometido por ações da empresa Itambé e perícia aponta ação criminosa de envenenamento do produto

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A interdição cautelar do lote M4 do achocolatado Itambezinho, da marca Itambé foi suspensa pela Anvisa. A medida está publicada no Diário Oficial da União desta próxima segunda-feira (5/9) e revoga a Resolução 2.333/2016, publicada no DOU do dia 29 de agosto. Ou seja, o produto está liberado para comercialização e consumo no país.
Confira a resolução RE 2.402/16, publicada no DOU desta segunda-feira (05/09), que retira a interdição sobre o Itambezinho.
A interdição cautelar do lote foi motivada para averiguar se haveria relação entre o óbito de uma criança e o consumo do produto. Investigação da Polícia Judiciária Civil em conjunto com a Perícia Oficial e Identificação Técnica (Politec) de Mato Grosso revelou adulteração do achocolatado que foi consumido pela criança por meio de injeção de inseticida em cinco unidades.
A Anvisa reitera que a empresa Itambé Alimentos S/A não foi responsável pelo ocorrido e que a hipótese de contaminação decorrente do processo de fabricação do produto está descartada. Assim, com a publicação da resolução, o lote do produto poderá ser comercializado normalmente.

É de responsabilidade da Agência tomar medidas preventivas sempre que há casos de dúvida a respeito das condições sanitárias de alimentos, medicamentos, cosméticos e outros produtos. Assim, a interdição cautelar do lote mostrou-se necessária até o esclarecimento do caso.

Adição de ferro e ácido fólico em farinhas em discussão


Anvisa abre consulta pública para atualizar proposta sobre o enriquecimento obrigatório das farinhas de trigo e milho com ferro e ácido fólico

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A Anvisa abre, nesta quinta-feira (15/9), a Consulta Pública para tratar sobre o enriquecimento obrigatório das farinhas de milho e trigo com ferro e ácido fólico pelas empresas alimentícias, agricultores familiares e microempreendedores individuais. O texto da proposta visa reunir contribuições para atualizar a RDC 344/2002, que instituiu a adição obrigatória no Brasil.
A proposta determina o tipo de composto, a quantidade e a forma de rotulagem dos produtos enriquecidos com os nutrientes. A melhoria obrigatória das farinhas para consumo humano é uma das estratégias do Ministério da Saúde para reduzir a prevalência de anemia por deficiência de ferro e prevenir as Doenças do Tubo Neural.
O texto da Consulta Pública determina que as farinhas devem conter, até o vencimento do prazo de validade, teor igual ou superior a 4mg de ferro por 100mg de farinha. Uma das novidades é a proposta que restringe os compostos que podem ser utilizados como fonte de ferro a quatro fontes, que são as mais eficientes do ponto de vista da saúde humana:
  • Sulfato ferroso
  • Sulfato ferroso encapsulado
  • Fumarato ferroso
  • Fumarato ferroso encapsulado
A norma em discussão prevê um prazo de 18 meses para que os fabricantes se adequem à norma, sendo que os agricultores familiares ou microempreendedores individuais terão um prazo de 36 meses.

Como contribuir?

Os interessados em participar devem enviar as sugestões para a Consulta Pública até 14 de novembro.
Para ver a proposta completa e participar acesse a página da Consulta Pública sobre adição de ferro e ácido fólico.
Após o fim do prazo, o processo seguirá para análise técnica e apresentação de proposta final que será examinada pela Diretoria Colegiada (Dicol) da Anvisa. 


Abertas consultas para a regulação de lactose

Abertas para sugestões, as Consultas Públicas sobre declaração obrigatória de lactose nos rótulos dos alimentos e a classificação desses alimentos.

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A Anvisa recebe, a partir desta segunda-feira (03/10), contribuições de toda a sociedade para as Consultas Públicas 255 e 256 sobre os requisitos para a declaração obrigatória de lactose nos rótulos dos alimentos e a referente a classificação dos alimentos para dietas com restrição de lactose. O prazo para envio de comentários e sugestões sobre as propostas de RDC será de 30 (trinta) dias. 
A primeira proposta de regulação dispõe sobre a obrigatoriedade de declaração de lactose nos rótulos de alimentos, incluindo as bebidas, os ingredientes, os aditivos alimentares e os coadjuvantes de tecnologia. Ainda, os alimentos embalados na ausência dos consumidores, inclusive aqueles destinados exclusivamente ao processamento industrial e os destinados aos serviços de alimentação.
A segunda propõe a alteração da Portaria SVS/MS n. 29, de 13 de janeiro de 1998, que aprovou o regulamento técnico referente a alimentos para fins especiais, para incluir classificações de alimentos para dietas com restrição de lactose. Na proposta de inclusão dos artigos, são classificados o que é alimento com lactose, alimentos isentos de lactose e alimentos com baixo teor de lactose, por exemplo.

O que muda

Pela proposta de regulação, por exemplo, os alimentos classificados “Isentos de lactose” são aqueles que contêm quantidade de lactose igual ou menor a 10 (dez) miligramas por 100 (cem) gramas ou mililitros do alimento pronto para o consumo, de acordo com as instruções de preparo do fabricante (NR). Esses devem trazer a declaração “isento de lactose”, “zero lactose”, “0% lactose”, “sem lactose” ou “não contém lactose”, próxima à denominação de venda do alimento. 
Já os classificados como “Baixo teor de lactose” são os que contêm quantidade de lactose maior que 10 (dez) miligramas por 100 (cem) gramas ou mililitros do alimento pronto para o consumo. Devem trazer a declaração “baixo teor de lactose” ou “baixo em lactose”, próxima à denominação de venda do alimento. 
Os rótulos de alimentos com lactose devem trazer a declaração “Contém lactose” imediatamente após ou abaixo da lista de ingredientes com caracteres legíveis que atendam aos requisitos descritos.

Acesse as Consultas Públicas de lactose

CP  255/16 Obrigatoriedade de declaração de lactose
CP 256/16 Define o que é Isento de Lactose
Em caso de limitação de acesso do cidadão a recursos informatizados, será permitido o envio e recebimento de sugestões por escrito, em meio físico, durante o prazo de consulta, para o seguinte endereço: Agência Nacional de Vigilância Sanitária/Gerência-–Gerência-Geral de Alimentos - GGALI, SIA trecho 5, Área Especial 57, Brasília-DF, CEP 71.205-050.  
As contribuições internacionais poderão ser encaminhadas em meio físico para o seguinte endereço: Agência Nacional de Vigilância Sanitária/Assessoria de Assuntos Internacionais (AINTE), SIA trecho 5, Área Especial 57, Brasília-DF, CEP 71.205-050.